Quem disse: «Tudo está queimado! Sobre o chão valerá derramar a semente?» A Terra morta, terá alguém perguntado? Não! Ela esconde-se no tempo dormente. A mãe natureza continuará a dar vida, Não será esvaziado todo o mar. Quem acreditava que a Terra foi queimada? Não! Só negro de tristeza, o lar. Trincheiras cavadas como cortes profundos, Sangram em abundância as feridas, Nervos da Terra expostos, imundos, Penas de outro mundo sentidas. Vai aguentar mágoa tanta. Não escrevais que a Terra seja aleijada! Quem disse que a Terra não canta, Que ela para sempre ficou calada? Não! Ela canta anéis pela serra, Mesmo com as feridas abertas. A nossa alma, é a Terra, E a alma não será atropelada pelas botas! Quem acreditava que a Terra foi queimada? Não! Só negro de tristeza, o lar.
© António de Campos. Tradução, 2014